15 DE MARÇO DE 2015 TEVE MUITO DE 1964

Não se fala em outra coisa senão na crise política que  aterrizou no Brasil. Milhares de pessoas foram às ruas  no último domingo, 15 de março de 2015, com o propósito de manifestarem suas insatisfações com o atual governo de Dilma Rousseff. Os pedidos para que algo seja feito foram dos mais variados, passam de reforma política à intervenção militar, curiosamente, pois todos lutam pela liberdade de expressão, pela verdadeira democracia, já que houve quem saísse com cartazes alegando que o Brasil não se tornaria uma nova Cuba, pleno de certeza de que com militares no poder a democracia estaria garantida.

As principais queixas giram em torno da economia,reclamam de impostos absurdos, inflação, conta de luz  e gasolina com preços nas alturas, mas claro que não poderia faltar o fator primordial para derrubar um governo: impunidade à corrupção. Derrubar  governo sim, pois o pedido de impeachment da presidenta ecoava a céu aberto pelas ruas, governo com menos de quatro meses de vigência, eleito em votação pública, escolhido pela maioria dentro das vias que a democracia exige e nos contempla. Governo que também, até agora, não abre precedentes para que a presidenta seja deposta do cargo que lhe foi atribuído legitimamente, repito, dentro das vias democráticas.

Que tipo de luta pela democracia, então seria essa? Não estão sendo capazes de respeitar a mesma, mas clamam por ela, enquanto a exercem nas ruas pedindo a volta do regime militar. Um tanto contraditório, no mínimo.

Falta entender que na democracia legítima, não importa o quanto seja incômoda ou contrária às nossas preferencias, particularidades e opiniões, a política estipulada por um governo, nem o quanto estamos nos sentindo lesados pelo mesmo, e principalmente, se o nosso candidato não foi o eleito, nós não podemos sair gritando a plenos pulmões feito crianças birrentas por impeachment ou intervenção militar, como se não soubessem o que estão fazendo e dizendo (no fundo acho que não sabem, visto pelos acontecimentos do dia 15), sem examinar os fatos e a história de um país que passou 21 anos sob repressão, desigualdades sociais gritantes e não se engane, corrupção varrida para debaixo do tapete.

A maioria escolheu o PT  e elegeu Dilma Rousseff, e assim permanecerá pelos próximos quatro anos. Aos descontentes basta conformar-se.

Quando o governo vai contra a minha ou a sua ideologia ele deve ser cobrado, mas de forma relevante, com protesto, mas protestar com embasamento, sabendo o que você quer quando sair às ruas. Quando você souber o que quer, questione o seu querer, porque ele pode ser apenas incapacidade de aceitar as escolhas alheias, e pior ainda, incapacidade de pensar no coletivo.

Esse texto não é defesa ao governo, é defesa ao bom senso, à democracia e à capacidade que eu acredito que todos temos de refletir sobre as coisas que nos cercam. Qualquer pessoa que sonhe com o fim da hierarquia social consegue entender que no Brasil, nunca estivemos tão perto de uma sociedade igualitária, por mais distante que estejamos da igualdade ideal.

15 DE MARÇO DE 2015 TEVE MUITO DE 1964

MÍDIA: É só ligar  a tevê ou ler um jornal que enxurradas de notícias destacando o possível impeachment são despejadas sobre qualquer brasileiro; sem que haja qualquer indício de ilegalidade nas ações de Dilma Rousseff;
MANIFESTANTES: Milhares de pessoas saem às ruas pedindo golpe militar para intervir no atual governo; (como se o golpe fosse intervenção divina);
MÍDIA DE NOVO: Divulga em destaque as milhares de pessoas,que insatisfeitas,pregam a volta do regime militar como alternativa
PARTIDÁRIOS: Pessoas identificadas com vestimentas ou alusão a partidos políticos determinados são hostilizadas e atacadas fisicamente;o que causa confrontos sem destaque importante pela grande mídia (mais uma vez)
IMPEACHMENT/GOLPE: Claro, a acusação: corrupção instalada no governo,pronto já tá tudo preparado para deposição do cargo, até porque tudo isso começou, novamente, com o PT. (ironia,né gente.)