Bolso Cheio

A crise econômica no Brasil aumentou o custo de vida da maioria das pessoas de classe média e baixa. Assim como o leitor, este colunista também sentiu no fim do mês que teria que apertar os cintos se não quisesse ficar no vermelho. O transporte está mais caro, a comida está mais cara, a luz está mais cara, a água está mais cara… Mas, enquanto isso, nas águas calmas em que navegam os políticos, não chegou sequer um movimento no curso que pudesse estremecer suas embarcações.

O dinheiro que banca os partidos políticos brasileiros ficará mais gordo, e você pagará essa conta. Atendendo a pedidos dos parlamentares, o relator do Orçamento do Fundo Partidário, que dá dinheiro aos partidos para as eleições (entre propagandas e custeio), senador Romero Jucá (PMDB-RR), vai alocar em 2015 cerca de R$ 570 milhões para o fundo, destinado a financiar as estruturas partidárias.

É um aumento de 45,2% sobre o que foi destinado no Orçamento de 2014 (R$ 392,4 milhões) e praticamente o dobro dos R$ 289,5 milhões que o valor proposto originalmente pelo governo. Será a maior “turbinada” no Fundo Partidário desde o Orçamento de 2011, quando os parlamentares passaram a complementar os montantes sugeridos pelo Executivo.

Isto significa campanhas mais caras, com mais efeitos pirotécnicos e armação de circo da história na corrida presidencial de 2018. E isto significa mais dinheiro nos bolsos dos políticos, desviados pela corrupção. E também quer dizer que o eleitor será mais uma vez enganado pelas fantasias mostradas dentro das propagandas de rádio e televisão.

O emaranhado de partidos e a relativa facilidade com que se formam partidos políticos faz com que fundar um partido vire um verdadeiro negócio. Assim como fazem alguns dos chamados nanicos (PSDC, PSC, PRTB…), que quase nunca elegem sequer um representante, mas que mesmo assim mantém-se firme, vivendo do dinheiro do Fundo.

Isso é resultado do congresso conservador eleito nas últimas eleições. Não há congresso que recuse tal proposta se não elegermos deputados e senadores com o compromisso de melhorar o país. Fundar e manter um partido virou negócio empresarial, com margens de lucro absurdas.

Alternativa dos que declaram ódio ao PT, Senador Aécio Neves tem os pés bem na lama…

Além de ser citado por Alberto Youssef na Lava Jato, Aécio também é citado no escândalo da antiga empresa de energia Furnas, que teria desviado dinheiro público para campanhas do PSDB entre 1994 e 2001. É necessário que o eleitor fique atento, pois nos emaranhados da corrupção, o PSDB tem tanto pé na lama quanto o PT. Vide o escândalo no cartel dos trens e do metrô paulistano, nas gestões Covas, Serra e Alckmin.

Fim da parceria?

O presidente da Câmara, Eduardo Cunha, disse que o PMDB tem candidato próprio em 2018: Eduardo Paes, prefeito do Rio de Janeiro. Essa atitude só mostra o que já sabemos de cor: o PMDB cansou da parceria com o PT e agora quer seguir sozinho. Mas engana-se quem acredita nessa história da carochinha. O PMDB esteve e continuará (enquanto deixarmos) ao lado do governo, seja PSDB, PT, PSB etc. Sobre o anúncio, já mostra a péssima qualidade em 2018 de candidatos: Aécio, Paes e Lula não representam em nada os interesses públicos. Pelo contrário, parafraseando com Luciana Genro, são todos “gêmeos siameses”.